St. GEORGE FECHA ACORDO DE R$ 2 BILHÕES PARA EXTRAÇÃO DE NIÓBIO E TERRAS-RARAS DO PROJETO ARAXÁ

Mara Bianchetti / Diário do Comércio
A missão do governo estadual na Austrália nem chegou ao fim e já soma quase R$ 2,5 bilhões em investimentos atraídos para Minas Gerais. Após os Memorandos de Entendimento (MoU) firmados com as empresas Lightning Minerals Limited e Perpetual Resources, que preveem aportes de R$ 20 milhões e R$ 400 milhões, respectivamente, no Estado nos próximos anos, com a mineradora St. George Mining Limited, foi fechado um acordo para inversões de R$ 2 bilhões no Projeto Araxá, no Alto Paranaíba, para extração de nióbio e terras-raras.
Os aportes da St. George contemplarão as fases de estudo, desenvolvimento e operação da mina, cuja construção está planejada para 2026. Já o início das operações deve ocorrer em 2027, quando se estima alcançar a capacidade produtiva anual de até 20 mil toneladas de Nióbio e ETRs.
Como parte do acordo, a companhia se compromete a usar fornecedores e mão de obra local sempre que possível, além de avaliar e atender às necessidades de infraestrutura na região, de modo a fomentar o desenvolvimento do setor de matérias-primas e de materiais estratégicos. O compromisso visa criar uma estrutura para a expansão do projeto que já nasce com a expectativa de criação de 400 empregos diretos e até mil indiretos.
As informações são do secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio, que lidera a comitiva mineira no país oceânico, e falou ainda da Austrália, em primeira mão ao Diário do Comércio, para um balanço das agendas e negócios fechados nos últimos dias. “Todas as agendas estão sendo muito produtivas. Estamos abrindo portas que Minas Gerais nunca abriu. O Estado nunca havia sido enxergado pela Austrália – uma das maiores potências em mineração – nunca teve uma interlocução com este lado do mundo e, enfim, este momento chegou. Todos os investimentos australianos iam no máximo até a África e estamos mostrando para eles que somos muito melhores em termos de riqueza e diversidade mineral, ambiente e segurança jurídica, qualidade de vida e segurança pública”, conta.
St. GEORGE
Sobre o projeto da St. George, Passalio ressalta a importância da chegada da empresa a Araxá, onde a extração de nióbio hoje é feita sob monopólio da CBMM. “Estamos falando de uma reserva mineral importante até então sob império de uma única empresa. Agora a St. George também vai produzir o nióbio com foco em baterias; a empresa já detém o direito minerário, os executivos estão muito focados no projeto”, diz.
Mas o secretário reforça que essa diversificação não para por aí e, inclusive, cita outros investimentos que a equipe de Romeu Zema (Novo), que conta ainda com executivos da Invest Minas, deve anunciar ainda nas próximas semanas, quando estende a agenda internacional até meados de novembro, passando por Japão, China, Portugal e Azerbaijão.
Segundo ele, há conversas com fornecedores e prestadores de serviços da cadeia da mineração, indústria do aço, transição energética e setor alimentício, mais especificamente o lácteo, e outros que ainda estão sob sigilo a pedido dos investidores. “Vamos assinar alguns acordos importantíssimos nas próximas semanas. No Japão teremos excelentes negócios da cadeia produtiva do aço verde e descarbonização da economia, além de um em mineração sustentável, que por questões legais, só poderá ser anunciado no ano que vem”, antecipa.
Todos esses investimentos têm elevado a economia mineira a outro patamar. Conforme Passalio, até outubro, o Estado já havia contabilizado R$ 64 bilhões em aportes privados. Já para 2025, a meta é somar R$ 80 bilhões. Ele destaca os aportes já atraídos para os setores de fertilizantes, eletroeletrônicos, automóveis e energia solar. “Temos trabalhado em diferentes frentes de atração. No e-commerce, por exemplo, éramos praticamente traço na representatividade e hoje já somamos 35% do mercado. O Vale do Jequitinhonha, com a criação do Vale do Lítio, está se tornando o vale da prosperidade, com geração de emprego e renda em todas as cidades. Mas ali o processo de desenvolvimento é mais incipiente. Há grandes reservas de lítio na região e o mundo está sedento pelo mineral. Sabemos da importância da verticalização, mas para isso é preciso dar o primeiro passo: a extração”, explica.
INVESTIMENTOS VÃO BENEFICIAR MUNICÍPIOS DE VÁRIAS REGIÕES
O secretário de Desenvolvimento também detalha os demais investimentos anunciados na Austrália. Sobre os R$ 400 milhões anunciados pela Perpetual Resources, especializada na extração de minerais críticos, ele lembra que os aportes serão aplicados nas etapas de pesquisa, desenvolvimento e operação dos projetos Raptor, Isabella e Itinga, com foco na extração de lítio e terras-raras. E que vão permitir a criação de 300 empregos diretos nas regiões dos municípios de Araçuaí, Salinas, Itaobim, Governador Valadares e Poços de Caldas, nas regiões do Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço e Sul de Minas.
Extração de terras-raras faz parte de vários projetos já em andamento no Estado | Crédito: Reprodução Adobestock
Vale dizer que durante a celebração do acordo, a empresa também revelou estar em busca de oportunidades de aquisição complementares para ampliar seu portfólio, alinhada ao seu foco em minerais críticos para o setor de energia sustentável. Assim, como próximos passos, a Invest Minas deverá focar nas ações para viabilizar a conexão entre a Perpetual e fornecedores locais, promovendo o avanço das atividades.
Com Lightning Minerals Limited, o MoU prevê um investimento inicial de R$ 20 milhões e a criação de 20 empregos diretos na primeira fase dos projetos Caraíbas, Canabrava e Esperança.
A empresa também se comprometeu a utilizar serviços e fornecedores locais para fomentar a economia regional; introduzir expertise no setor de lítio e desenvolver parcerias estratégicas; além de estreitar relações com comunidades locais e governos, demonstrando seu compromisso com o crescimento sustentável.
Por fim, Passalio também enaltece os esforços para promover a aproximação da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) com mineradoras de terras-raras que possam se interessar em investir no CIT Senai ITR, primeira fábrica de ímãs de terras-raras da América Latina, localizada em Lagoa Santa, na RMBH. “A Fiemg e essas mineradoras vão fazer pesquisas avançadas para a produção de ímãs em Minas Gerais e o Estado também vai entrar nesse projeto, via Fapemig (Fundação de Pesquisa do Estado de Minas Gerais), em vistas de verticalizar essa cadeia que, até então, só está na China”, revela.
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