PROLIFERAÇÃO DE JAVALIS DESTRÓI LAVOURAS EM MINAS GERAIS

Abr 24, 2025 - 13:24
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PROLIFERAÇÃO DE JAVALIS DESTRÓI LAVOURAS EM MINAS GERAIS
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Produtores do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba sofreram perdas na produção de grãos, especialmente milho; discussão chegou à Assembleia Legislativa

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 Clareiras são feitas por javalis especialmente em lavouras de milho e muitos produtores já suspenderam plantio do grão | Crédito: Divulgação SPR Sacramento

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  O agronegócio de Minas Gerais está enfrentando mais um desafio. Nos últimos anos, houve um aumento expressivo da população de javalis em importantes regiões produtoras, como o Alto Paranaíba e o Triângulo Mineiro. Considerada como uma das 100 espécies invasoras que mais preocupam os produtores rurais no mundo, o javali tem comprometido a produção de grãos, em especial do milho, e causado prejuízos na fauna, na flora e nas nascentes.
Além disso, a proliferação de javalis é um risco sanitário, uma vez que os animais são reservatórios de várias doenças, inclusive da febre aftosa, o que pode comprometer a conquista do status de Minas de território livre de febre aftosa sem vacinação.
Diante do problema, o setor produtivo de Minas Gerais está em busca de soluções. No último dia 10, houve uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, onde o objetivo foi discutir a invasão dos javalis nas propriedades rurais.
Conforme os dados divulgados pelo Sistema Faemg Senar, Minas Gerais é o terceiro estado com maior número de municípios com registros de presença de javalis. Segundo o relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), divulgado em 2022, 198 cidades mineiras já haviam registrado a presença do animal, sendo que 64 destas estão classificadas com “prioridade extremamente alta” para a prevenção no aspecto ambiental, já que possuem áreas com flora e fauna mais sensíveis. 

PERDAS
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento, Osny Zago, que também é produtor rural, explica que a população de javalis aumentou muito nos últimos anos na região. Isso tem provocado diversas perdas. No caso da agricultura, muitos produtores suspenderam o plantio do milho, há prejuízos na cana-de-açúcar  e os animais já estão comprometendo também a produção do sorgo. “Observamos a presença de javalis na região desde 2018. A questão vem se agravando muito, principalmente porque, ao longo da pandemia de Covid-19, a caça ficou suspensa. Isso fez com que houvesse uma explosão no número de animais. São muitos os prejuízos relatados por diversos produtores que vão desde perdas nas safra até a destruição de matas ciliares e de Áreas de Preservação Permanente (APP)”.

 

Espécie é ameaçadora e pode superar 300 quilos | Crédito: Emoji Smileys People / Adobe Stock

  Conforme Zago, que também é presidente Núcleo dos Sindicatos Rurais do Triângulo e Alto Paranaíba, que representa 42 sindicatos rurais, o número de javalis está crescendo assustadoramente e há relatos da presença em diversos municípios das duas regiões.

JAVALIS ELEVAM O RISCO SANITÁRIO
Além dos prejuízos na agricultura, a proliferação dos animais eleva o risco sanitário. Isso, pelos javalis serem suscetíveis a diversas doenças que podem ser transmitidas  para outros animais de interesse comercial, como a febre aftosa, a Encefalopatia Espongiforme Bovina – conhecida como mal da “vaca louca” – e a peste suína. Além disso, podem propagar as hepatites B, E, verminoses, raiva, sarna suína e febre maculosa. “A proliferação dos javalis é um risco sanitário muito grande, que pode comprometer, até mesmo, acordo comerciais e a certificação de Minas Gerais como livre de aftosa sem vacinação. Os animais podem transmitir mais de 32 doenças”. A presença dos javalis também causa danos ao meio ambiente. A ação de fuçar provoca a destruição de nascentes, das matas ciliares, de áreas alagadas e modificam cursos de água, comprometendo o abastecimento de cidades.
Há ainda a depredação de espécies nativas, isso porque os javalis comem ovos, filhotes e destroem ninhos. “Na região, dentre as aves afetadas estão as perdizes, codornas vermelhas, siriemas e Inhambu. No caso dos répteis, os javalis matam e comem cobras, lagartos e tatus. Eles também atacam filhotes de veados”, explicou Zago. 

CONTROLE DA ESPÉCIE
Diante de tantos problemas e sem medidas que promovam o controle efetivo da população de javalis, o setor produtivo busca soluções. Entre as medidas defendidas, estão a prática da caça e a aprovação de uma legislação estadual estabelecendo uma política de controle da espécie.
Conforme a ALMG, há o Projeto de Lei (PL) 1.858/23, de autoria conjunta dos deputados Dr. Maurício (Novo) e Raul Belém (Cidadania) e da deputada Marli Ribeiro (PL). O projeto autoriza o controle populacional e o manejo sustentável do javali-europeu em todas as suas formas, linhagens, raças e diferentes graus de cruzamento no âmbito do Estado. A matéria aguarda parecer da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável para então ser levada ao Plenário em 1º turno.

Outro manejo, segundo o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento, Osny Zago, seria a criação de um  hormônio para esterilização do macho ou da fêmea. “É necessário resolver o problema que vem causando inúmeros prejuízos. Os javalis são animais de grande porte, que podem superar 300 quilos e, em 24 horas, percorrem cerca de 300 quilômetros. Além disso, o ciclo reprodutivo acontece a cada quatro meses, com ninhadas chegando a 12 filhotes. Destes, em média, oito chegam à idade adulta”, explicou.

Michelle Valverde / Diário do Comércio 

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