LIVRO CONTA HISTÓRIAS DO CAFÉ PRODUZIDO NAS REGIÕES COM INDICAÇÃO GEOGRÁFICA (IG)

Dez 9, 2024 - 09:35
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LIVRO CONTA HISTÓRIAS DO CAFÉ PRODUZIDO NAS REGIÕES COM INDICAÇÃO GEOGRÁFICA (IG)
O Brasil é o maior produtor de café do mundo, responsável por cerca de 40% da produção mundial, e o segundo principal consumidor | Crédito: Divulgação Marcelo Coelho
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MOTOS E MOTOS

Trabalho, do fotógrafo Marcelo Coelho e da jornalista Michelle Dufour, traz 14 Indicações Geográficas (IGs) do grão espalhadas pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rondônia, Paraná e Espírito Santo

Daniela Maciel / Diário do Comércio

Escrito em português e inglês, “A Revolução do Café Brasileiro – Regiões com Indicação Geográfica” é uma obra que, embora não abra mão dos dados técnicos, tem como objetivo trazer as histórias humanas do café. Lançado durante a Semana Internacional do Café (SIC), que aconteceu em Belo Horizonte no mês de novembro, o livro trouxe 14 Indicações Geográficas (IGs) do café, espalhadas pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rondônia, Paraná e Espírito Santo.
O trabalho reuniu o fotógrafo Marcelo Coelho e a jornalista Michelle Dufour. Enquanto o primeiro corria as regiões registrando paisagens exuberantes e o modo de produção de cada uma, a segunda recolhia as histórias dos personagens que vivem o dia a dia da cultura cafeeira. “Foi uma jornada intensa. A cada depoimento eu me emocionava e, em muitos casos, chorei. As pessoas que trabalham com o café costumam ter uma paixão muito grande pelo produto e pelo que fazem. Na maioria são histórias de famílias inteiras que estão fazendo do café brasileiro muito mais que uma commodity, mas um produto especial, original e de grande valor agregado”, explica Michelle Dufour.
A vontade de fazer o livro surgiu em 2017, quando ao viajar para encontros e feiras internacionais, o diretor-executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado e editor do livro, Juliano Tarabal, observou a falta de literatura brasileira que apresentasse o nosso café ao mundo. “Sempre fiquei indignado ao ver que quem escreve sobre o nosso café são os estrangeiros e eles não têm profundidade. Não é uma questão só de marketing, é também de conteúdo. Na Europa, por exemplo, entre os padrões de café existe o ‘tipo Santos’, mas nós sabemos que a cidade de Santos não produz café, lá existe o porto. Então essa é uma informação errada que corre o mundo”, pontua Tarabal.
Cada uma das 14 regiões apresentadas no livro carrega características únicas, resultado de seu terroir, das técnicas de cultivo locais traduzidas em um saber fazer que confere exclusividade ao apreciador de café e demonstra a diversidade do produto brasileiro. Além disso, todas têm em comum um selo que reconhece a sua origem e atesta a qualidade e a singularidade dos frutos cultivados nessas praças.

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LIVRO CAFÉ BRASILEIRO

 Livro traz histórias de famílias inteiras que estão fazendo do café brasileiro muito mais que uma commodity | Crédito: Divulgação Marcelo Coelho

 As regiões retratadas são: Alta Mogiana (SP/MG); Matas de Rondônia (RO); Campos das Vertentes, Canastra, Caparaó, Cerrado, Montanhas de Minas, Mantiqueira de Minas, Sudoeste de Minas (MG), Montanhas do Espírito Santo e Conilon Capixaba (ES); Pinhal e Garça (SP) e Norte Pioneiro do Paraná (PR).
O Brasil é o maior produtor de café do mundo, responsável por cerca de 40% da produção mundial, e o segundo principal consumidor. Minas Gerais é o maior produtor de café do País, respondendo por mais de 70% da produção brasileira.
Segundo dados da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Valor Bruto da Produção (VBP) de café em 2024 está estimado em R$ 64 bilhões, o quarto maior VBP agrícola do País, atrás apenas de soja, milho e cana-de-açúcar. A produção brasileira de café na safra 2024 está estimada em 58,8 milhões de sacas de 60 quilos. “Durante muito tempo o Brasil foi visto apenas como um produtor de commodity, mas o movimento de denominação de origem e indicação geográfica, que já era forte em outras partes do mundo, trouxe essa questão da qualidade e da originalidade para o café do Brasil. Veio para mostrar que o café de cada região do Brasil tem um jeito de fazer, tem o terroir único. Falei com cerca de 50 pessoas, com diferentes atividades. São histórias muito diferentes, mas com a mesma essência”, relembra a escritora Michelle Dufour.
No País, existem mais de 100 Identificações Geográficas registradas em todas as regiões, sendo que o café é o produto com maior número de IGs em território nacional. Após a conclusão do livro, já foram denominadas duas novas Indicações Geográficas: Chapada Diamantina (BA) e Vale da Grama (SP), o que pode gerar uma edição ampliada do livro ou um novo volume com novas histórias. “A IG ajuda no reconhecimento, promoção e proteção da região de origem. É um registro feito no INPI que estimula a formação de lideranças, o processo de governança, que ela invista na qualidade do café e também atua na geração de pertencimento dos produtores. Pretendemos fazer uma nova edição no prazo de dois anos agregando as novas IGs”, completa o editor.

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