HORÁRIO DE VERÃO: RETORNO DIVIDE OPINIÕES E É VISTO COMO INEFICAZ PARA SISTEMA ENERGÉTICO

Set 13, 2024 - 14:44
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HORÁRIO DE VERÃO: RETORNO DIVIDE OPINIÕES E É VISTO COMO INEFICAZ PARA SISTEMA ENERGÉTICO
Medida é considerada ineficaz para sistema energético, mas pode elevar em até 15% o faturamento de bares e restaurantes
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MOTOS E MOTOS

O governo federal está avaliando a possibilidade de retorno do horário brasileiro de verão com o intuito de reduzir o consumo de energia elétrica no Brasil. A retomada da medida – que já foi aplicada anualmente entre 1985 e 2019 – agora divide opiniões e é considerada ultrapassada, apesar de beneficiar setores como comércio e serviços.
Após a confirmação da possibilidade pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foi determinada para a próxima segunda-feira (16) uma reunião entre o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), a Secretaria Nacional de Energia Elétrica (MME) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O objetivo é que, a partir desse encontro, seja elaborado um plano de contingência para o próximo verão, bem como o planejamento energético de 2025.
A medida, entretanto, pode ter efeitos tímidos no setor elétrico em razão de mudanças no comportamento do consumidor, além de evoluções tecnológicas ao longo dos anos. Para o consultor de Mercado de Energia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Pataca, o Brasil que anteriormente tinha um pico energético considerável no final da tarde, hoje apresenta uma maior linearidade no consumo.
O especialista acrescenta que o consumo aumentou na parte da tarde em razão do uso de ar-condicionado, que é frequentemente usado entre 12h e 15h. “O pico energético é diferente do passado. O horário de verão, então, perdeu o sentido e não faz muita lógica”, analisa.

ESFORÇOS DEVEM SE CONCENTRAR NA GERAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ENERGIA
Apesar disso, a necessidade de uma reavaliação é vista com bons olhos por Pataca, que avalia a possibilidade de uma retomada em outros moldes a partir de um estudo aprofundado. Segundo ele, adiantar apenas uma hora não é algo extremamente eficaz para o setor energético, apesar de trazer benefícios. “Com o horário de verão, comércios vendem mais e alguns perfis de consumo são beneficiados, mas para o sistema elétrico, o horário de verão não faria diferença”.
A solução em termos de eficiência energética pode estar atrelada a estratégias focadas em geração de energia. Para o especialista, os atuais esforços deveriam passar por investimentos em geração e armazenamento de energia, como a construção e otimização de novas usinas, incentivo às energias solares e eólicas, a fim de construir mecanismos que suportem à demanda do sistema.
Apesar das incertezas quanto à eficácia, para o CEO da ForGreen – empresa mineira que atua no fornecimento de energia elétrica solar fotovoltaica – Antônio Terra, a medida é importante para garantir a estabilidade do sistema elétrico e deve ser atrelada ao incentivo do uso de outras fontes energéticas. “Com as mudanças no regime de chuvas, o uso da energia solar pode ser eficaz. O grande passo a ser dado para que o custo seja reduzido é tornar a energia solar despachável por meio do sistema de armazenamento”, reforça.

RETORNO DO HORÁRIO DE VERÃO AGRADA O COMÉRCIO
Por outro lado, o retorno do horário de verão é visto com otimismo por entidades do comércio. De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais, Karla Rocha, a medida poderá impactar positivamente e elevar em até 15% o faturamento de bares e restaurantes.
O impacto, segundo ela, é resultado de um maior período de luz natural nos espaços, além de viabilizar o aumento do lazer e consumo da população. Além disso, Karla Rocha pontua que a volta do horário de verão poderá reduzir a tarifa de energia dos negócios em Minas Gerais, mas garante que o foco principal é aumentar o faturamento do setor.
Apesar do otimismo da categoria, a economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), Gabriela Martins, ressalta que o gasto do consumidor também está atrelado a outros fatores, como renda disponível e o endividamento. A economista frisa que é preciso considerar a cautela do consumidor e os elevados níveis de juros do País.
A expectativa, entretanto, é que os negócios avancem no Estado durante o período, apostando em promoções e ações de happy hour para atrair clientes. “Minas é reconhecida pela vasta gastronomia. Com o horário de verão, é esperado um aumento no fluxo de pessoas nas ruas e isso poderá agregar ainda mais valor durante o verão”, analisa.
Além do potencial culinário mineiro, Gabriela Martins pontua que o horário de verão também faz com que os consumidores frequentem mais os bares, seja em razão da maior duração do dia, além do clima típico do verão. “Temos vários fatores aqui que geram realmente uma expectativa muito boa, são só para Minas Gerais, como também para todo o País”, conclui.

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Leonardo Morais / Diário do Comércio

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