
Por: AGM TWO(2)
Assim nos confidenciou um médico da cidade, quando mencionou o fato da ausência de médicos pediatras em plantões e nos atendimentos à convênios de plano de saúde nos hospitais da cidade. Segundo o médico, que pediu o anonimato, afirmou que essa ausência perene, pode comprometer o credenciamento do serviço da UTI Neonatal no SUS em Patrocínio.
E ainda observou: Se não há profissional na recepção (plantão) para dar os primeiros atendimentos às crianças (procedimentos iniciais que muitas vezes, é que salva vidas). Tal ausência, pode desencadear transtornos na UTI Neonatal, elevando o índice de mortes de crianças, aumentando o tempo de internação na unidade intensiva, complicações e outros contratempos. E se isso verificado e confirmado pelos órgãos de regulamentação da saúde, pode comprometer e até mesmo descredenciar o serviço de UTI Neonatal.
A UTI Neonatal é uma conquista da população, de 2007 a março de 2014, quando foi inaugurado 10 leitos na Santa Casa, uma demanda de anos da comunidade e da região. Naquela época, a UTI Neonatal teve o empenho do então deputado Deiró Marra, e por emenda foi investido recursos para atender 9 cidades da região que compõem a microrregião de Patrocínio/Monte Carmelo com uma população estimada em mais de 188 mil habitantes. Esses leitos de UTI neonatal e pediátrica no Estado fazem parte das ações do programa Viva Vida, que visa combater a mortalidade materna e infantil. E é importante salientar que o Governo de Minas investiu R$ 3.872.937,00 na Irmandade Nossa Senhora do Patrocínio, mantenedora da Santa Casa.
E não é de hoje, que as emissoras de rádio, sites, imprensa escrita vem questionando os provedores, superintendente da Santa Casa, superintendentes de planos de saúde pelo desserviço do profissional da pediatria nessas unidades. E estes vêm demostrando ineficiente e morosa solução.
Os planos de saúde oferecem inúmeras vantagens quando da assinatura do contrato, mas na prática, não atendem a contento. E muitos médicos conveniados não atendem o plano a tempo e a hora, e na sua maioria priorizam o atendimento particular, mediante o pagamento à vista da consulta ou procedimento. Renegando os assistidos pelos convênios médicos. Se for à vista tem encaixe, se for convênio, mês que vem. Este é um fato comum e reprovável na legalidade contratual. E algo que deve ser verificado pela ANS, Anvisa, Procon, pela negligência desse atendimento. Contrariando, não só o contrato firmado entre as partes, mas também ferindo o Código do Consumidor, este que é parte vulnerável, e quando enfermos (doente) fica ainda mais fragilizado com a negação de consulta ou atendimento.
Nesta semana, o empresário de Alimentação, Otávio, da Pizzaria Di Roma (foto) conhecido nas redes sociais por suas promoções diárias, fez gravação de vídeo inusitado, numa madrugada, narrando, que teve que deslocar-se para a cidade de Patos de Minas para que seus filhos tenham o atendimento médico conveniado, na especialidade de pediatria. Procurou os hospitais da cidade e não teve nenhum pediatra de plantão. E de modo calmo, o comerciante patrocinense, que ama essa cidade, narrou seu sofrimento: ‘’Você chega do serviço, tarde da noite, e vê seus filhos passando mal, tossindo até vomitar, é triste. Foram mais de duas semanas que vou ao hospital e não tem pediatra e tenho que sair da minha própria cidade, ir para cidade vizinha para ter atendimento de pediatria. É muito fod…, entrei em contato com vários pediatras e foi recusado o atendimento e um deles pediu R$ 1.000 para atender o chamado, achei mais fácil ir na cidade vizinha.’’
Sem negar explicações, o Secretário Municipal de Saúde, Luiz Eduardo Salomão, disse à reportagem da Difusora, que reconhece essa fragilidade da cidade, de não ter esse especialista atendendo nos hospitais. E que no setor municipal esse atendimento é feito e muitas vezes, com poucos profissionais, mas estamos atendendo aos principais programas municipais nas nossas unidades básicas, como no serviço de referência da Policlínica e também no Pac’s – atendimento voltado ao meio rural. Nós temos esses pediatras e às vezes fazemos o rodízio para atender toda a comunidade. Por parte do Município estamos fazendo nosso dever, atendendo todas as crianças.
O secretário (foto) ainda afirmou e sabe que no sistema privado e nos hospitais em especial a Santa Casa que é o nosso prestador pelo SUS, tem dito essa dificuldade e para resolver essa demanda, estamos à disposição e juntos buscaremos profissionais da região para atender aqui. Estamos fazendo tratativas para resolver essa lacuna e atrair profissionais para atender o plantão no Município e estamos aguardando algumas respostas. Temos uma carência do profissional pediatra, mas iremos esforçar para atender os anseios de mães e pais. Haja visto que este fato vem acontecendo em toda região e em Minas Gerais.
Eu, escriba deste texto, sei da importância da UTI Neonatal, pois para ter meus dois últimos filhos, tivemos que ir para a cidade de Uberlândia, pois Patrocínio não tinha esse serviço. E as mulheres com gravidez de risco tinham o incômodo de dar à luz nas cidades vizinhas.
Digo, que é notório este fato, essa história vem acontecendo e repetindo sempre, sem ninguém tomar uma providência ou solução satisfatória, porque o ideal parece estar longe. E o que tudo indica, ou dá impressão, que poucos estão preocupados em resolver, haja visto que o problema se arrasta há anos. Não se vê uma melhora duradoura ou permanente, só blá, blá, blá… E nem mesmo as agências de regulação, que deveriam fazer cumprir, ou até mesmo o Judiciário, Ministério Público e a Defesa do Consumidor agem, ainda continuam ou se fazem de surdos, cegos e mudos. É lamentável esse sofrimento.