CAFÉ DO CERRADO MINEIRO CONQUISTA O MERCADO EXTERNO

Federação de cafeicultores da região aponta alta de 62% nas vendas do produto com selo de origem diretamente para consumidor final
A Federação dos Cafeicultores do Cerrado está trabalhando para fortalecer a marca Região do Cerrado Mineiro no mercado internacional. Através de torrefadoras, o café da região, que foi a primeira cafeeira do País a conquistar a Indicação Geográfica, com o registro de Denominação de Origem (DO), está chegando às gôndolas dos supermercados no exterior com o selo de origem, principalmente, nos da Europa. A iniciativa é considerada importante para a divulgação e fortalecimento da marca no mercado externo.
De acordo com o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, em 2021 houve crescimento da venda de café com o selo da entidade no mercado externo para o consumidor final. As vendas de café in natura são feitas para torrefadoras, que preparam o produto e vendem aos supermercados com o selo Região do Cerrado Mineiro.
“Tivemos uma alta expressiva do selo para o consumidor final de 62%. Ao todo, o volume de café industrializado subiu de 156 mil selos para 254,58 mil selos. Sendo que, deste volume, boa parte foi para o mercado final europeu, cerca de 82 mil selos. É um grande avanço, estamos vendendo o pacote de café com nossa marca e selo de certificação”, explicou.
Ainda segundo Tarabal, com a venda do café processado nos supermercados, a marca Café do Cerrado muda de patamar. “A maioria do café exportado pelo Brasil chega ao consumidor final sem a marca. Nós estamos trabalhando com a estratégia de marca. Além de exportar o grão, queremos levar a origem e a qualidade para o consumidor final”, destacou.
Desde 2013, com a conquista da Denominação de Origem, todo o café exportado ou vendido no mercado interno com o selo Região do Cerrado Mineiro passou antes por processos de verificação na Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
Segundo Tarabal, além da exigência da produção ter ocorrido em um dos 55 municípios que compõem a região, os cafés passam por testes de qualidade e a certificação só ocorre quando os grãos obtêm notas a partir de 80 pontos, passando a ser classificados como especiais.
A federação conta com sete cooperativas, seis associações e uma fundação. São cerca de 4,5 mil produtores na região, sendo em torno de 1 mil certificados.
PRODUÇÃO
Em 2021, a produção na região do Cerrado chegou a 4,77 milhões de sacas de café, volume que, devido à bienalidade negativa e à seca, retraiu cerca de 30%. A maior parte do café produzido na região é exportada.
Entre as cooperativas que fazem parte da região, a Expocaccer foi responsável pela comercialização total de 1,005 milhão de sacas de café, deste total, 235.369 sacas foram de exportações diretas. As vendas no mercado interno para exportadores somaram 770 mil sacas, sendo que 30% ficaram na indústria brasileira e 70% foram compradas por exportadores e re-exportadas.
Os principais destinos do café do Cerrado são os Estados Unidos, Japão, Bélgica, França, Inglaterra e Rússia. Com o impacto do clima, a estimativa é de que as exportações tenham caído próximo ao índice de retração da produção.
Com os cafezais ainda refletindo os problemas enfrentados com o clima, como seca e geada, a estimativa para a safra 2022 é de manutenção das 4,77 milhões de sacas, frustrando as expectativas do produtor em ano que seria de bienalidade positiva.
“Nós fomos muito afetados pelo clima. Além da seca, a geada foi a maior da história do Cerrado Mineiro. Isso vai culminar em perdas na safra atual, que deve ficar em torno de 4,77 milhões de sacas. É uma situação que foge bastante do previsto e que limita nossa capacidade de expandir os embarques pela falta de café”, explicou.
PREÇOS EM ALTOS PATAMARES
Ainda segundo Tarabal, a tendência com a menor oferta de café no mercado é de preços elevados, o que é fundamental para ajudar os cafeicultores a garantir margem mesmo com o aumento expressivo dos custos de produção. A saca de café vem sendo negociada entre R$ 1.400 e R$ 1.500.
“O momento exige muita gestão por parte do cafeicultor para conseguir bom preço de venda. O valor do café vem ajudando a manter a cobertura de custo e a tendência é de manutenção em patamares mais elevados”.
A expectativa também é de consumo firme. Além de avanços na demanda mundial, vindos também da Rússia e do Leste Europeu, no mercado interno a abertura de cafeterias e a variedade maior de cafés especiais têm atraído consumidores, principalmente, os jovens.
Por Michelle Valverde/Diário do Comércio